Atentado contra Igreja Copta do Egito faz 21 mortos
Governo suspeita que o ataque foi cometido por um terrorista suicida
Um atentado realizado na madrugada deste sábado contra religiosos da Igreja Copta do Egito, primeira comunidade cristã do Oriente Médio, fez 21 mortos e mais de 70 feridos. A informação foi dada pelo porta-voz do ministério da Saúde, Abderrahman Chahine, citado pela agência de notícias oficial Mena.
O ataque foi registrado em frente à igreja dos Santos (al Qidisin), em Alexandria, grande cidade do norte de Egito, por volta de meia-noite e meia, quando os fiéis deixavam o templo. Segundo o ministério do Interior egípcio, o atentado foi cometido por um terrorista suicida.
Uma testemunha disse ao canal privado On-TV ter visto um automóvel verde da marca Skoda estacionar diante da igreja à 00H20. Alguns homens saíram do veículo, que pouco depois explodiu. "Se o bispo terminasse a missa dois minutos antes, o banho de sangue teria sido pior", contou à AFP, no hospital local, Nermine Nabil, ferida na explosão. O que mais preocupa a jovem mãe de família são "os serviços de segurança que nada fazem, permitindo que o carro estacionasse diante da igreja, apesar da proibição firme das autoridades", após ameaças da Al Qaeda.
O atentado, não assumido até agora, acontece dois meses depois que um grupo próximo ao braço iraquiano da Al Qaeda, chamado Estado Islâmico do Iraque, ter proferido ameaças contra a Igreja Copta do Egito. O grupo se responsabilizou pelo ataque do dia 31 de outubro à catedral siríaca católica de Bagdá, no qual morreram 46 civis, entre eles dois sacerdotes, além de sete membros da força pública e cinco atacantes.
O grupo também ameaçou atacar a Igreja Copta do Egipto se esta não libertasse duas cristãs que, segundo ele, estão "encarceradas em mosteiros" por terem se convertido ao Islã. As duas mulheres mencionadas são Camilia Chehata e Wafa Constantine, esposas de dois sacerdotes coptos, cuja suposta conversão ao Islã teria causado muita polêmica no Egipto.
Apelo - O presidente egípcio, Hosni Mubarak, pediu a união de cristãos e muçulmanos ante o terrorismo. Citado pela agência oficial Mena, ele fez um apelo "aos filhos do Egito -coptos e muçulmanos- a se associarem contra as forças do terrorismo e aos que querem atentar contra a segurança da pátria, sua estabilidade e unidade de seus filhos".
Na manhã deste sábado, dezenas de cristãos encolerizados se manifestavam diante do templo. "Onde está o governo?", perguntavam os fiéis. "Por nossa alma, por nosso sangre, nos sacrificamos por ti, oh cruz!", gritavam.
Refaa al Tahtaui, porta-voz de al Azhar, a grande instituição de difusão do Islã sunita com sede no Cairo, interveio por meio da televisão pública para denunciar um atentado que, segundo ele, ataca "a unidade nacional egípcia", e fez um apelo à calma a cristãos e muçulmanos.
Em sua mensagem de Ano Novo, o papa Bento XVI condenou a intolerância religiosa. O pontífice exortou os cristãos, em sua homilia na Basílica de São Pedro, a permanecerem fortes diante da discriminação e da intolerância - ecoando comentários feitos no mês passado, nos quais ele classificou a falta de liberdade religiosa como uma ameaça à segurança mundial.
(Com agência France-Presse)
Pesquisado em 03/01/11.
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