A VENERAÇÃO MARIANA NA IGREJA SIRIAN ORTODOXA DE ANTIOQUIA E NA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA.
Pe Antonio Moraes
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O texto A veneração da Mãe de Deus durante sua vida terrena, do Arcebispo João Maximovitch, é de uma riqueza peculiar. Ele apresenta informações mariológicas de vital importância para um real conhecimento acerca de Maria, Mãe de Deus, e de sua importância na vida da Igreja. O autor inicia o texto apresentando informações que desde os tempos apostólicos, Maria já era venerada pelos Discípulos do Divino Mestre: Jesus.
Tal veneração era devido ao fato de Maria ter sido escolhida pelo próprio Deus para gerar e dar a luz a Jesus, que O criou e protegeu durante grande parte de sua vida terrena. A Virgem Maria sempre evitou ser glorificada, pois a mesma pertence ao seu Filho. A Mãe do Senhor preferiu viver em silêncio e se preparar para a partida a vida eterna.
Ainda segundo o autor do texto acima citado, três dias antes da partida da Virgem Maria a vida eterna, o Arcanjo Gabriel apareceu e a comunicou sua partida a mansão celestial, dando-lhe um “ramo do paraíso”. Os apóstolos foram reunidos pelo Espírito Santo à Jerusalém para testemunharem o translado da Virgem de Nazaré. O autor do texto cita que Tomé não estava presente durante este fato, mas que ao terceiro dia, quando chegou a Jerusalém, ele e os demais discípulos se dirigiram ao sepulcro para venerar o corpo da Mãe de Deus, mas o mesmo não se encontrava.
Durante a refeição, segundo o autor acima citado, Maria pessoalmente apareceu aos discípulos no ar, envolta a uma brilhante luz celestial, e informou-lhes que Seu Filho havia glorificado Seu corpo, e Ela, ressuscitada, permanecia junto ao Trono de Deus. Este fato solidifica a veneração a Maria dispensada pelos discípulos, agora também como auxiliadora celestial junto à humanidade.
O Arcebispo João Maximovitch cita em seu texto que quanto mais à fé cristã era estendida aos diversos lugares, tanto mais o Nome de Jesus era glorificado, e junto com ele o de Maria, aquela que O concebeu. Mas também os inimigos da fé cristã iniciaram uma intensa depreciação à Santíssima Virgem, já que não conseguiam atingir a Cristo e a sua Igreja, transferiu o ódio mortal a Maria.
Segundo o autor já citado, o sacerdote judeu, Antonio, saltou até o ataúde e tentou destruir e jogar ao chão o corpo da Santíssima Virgem. Imediatamente o Arcanjo Miguel, com sua poderosa espada invisível, decepou a mão do referido sacerdote que imediatamente, sangrando, e recorreu a Jesus em oração e imediatamente foi curado. Este fato serviu para glorificar ainda mais o nome santo de Deus.
O referido Arcebispo cita que ainda há outras tentativas de desonrar o nome da Santíssima Virgem, p.ex., a tentativa dos judeus caluniadores que adulteraram a tradução do Antigo Testamento propositalmente para afirmar que Maria não era virgem quando deu a luz a Cristo. Com essa pseuda verdade, eles a queriam afirmar que era impossível um “nascimento sem um homem, enquanto na verdade o nascimento de Cristo não era nem um pouco diferente dos outros nascimentos humanos”. Outra tentativa conhecida surge no século IV, quando o falso mestre Helvídio, afirmou que Maria depois de dar a luz a Jesus “entrou na vida conjugal com José e teve filhos com ele”.
Na concepção de Santo Epifânio, citado no referido texto, “em lugar algum dos Evangelhos pode ser visto que aqueles que eram chamados de irmãos de Jesus eram considerados filhos de Sua Mãe. Pelo contrário, era conhecido que Tiago e outros eram os filhos de José, o esposo de Maria, que era viúvo com filhos de sua primeira esposa”. Assim é incorreto afirmar que os irmãos e irmãs de Cristo eram filhos de Maria, sua Mãe, pois os nomes “irmão” e “irmã” possuem distintos significados, sinalizando para o grau de parentescos entre as pessoas ou uma proximidade espiritual.
Já no século V, o Arcebispo de Constantinopla, Nestório, iniciou uma série de pregações afirmando que Maria havia sido Mãe apenas de Jesus homem, no qual a “Divindade tinha tomando domicílio e morado como se fosse um templo”. Com essa afirmativa, Nestório, negava a Maria era Mãe de Deus (Teotokos), pois para ele Maria tinha dado a luz a Cristo-Homem, portanto deveria ser chamada de Cristotokos (Mãe de Cristo), já que Cristo era apenas homem.
São Cirilo informou o Papa São Celestino que argumentaram com Nestório, na tentativa de que o mesmo voltasse a afirmar que Maria é a Teotokos, mas o mesmo se recusou e no Concílio de Éfeso foi confirmado que Maria é a Teotokos e Nestório foi ex-comungado.
Após o Concilio de Éfeso, a veneração a Maria aumentaram e se espalharam para diversos lugares. Mas os inimigos da fé cristã, para diminuírem a glória de Maria, iniciaram uma onda de proibições de veneração aos ícones de Cristo e de seus Santos, denominado de idolatria. “A Santíssima Mãe de Deus foi glorificada com honra especial no céu e na terra, e Ela, mesmo nos dias do escarnecimento dos santos Ícones, manifestou através dos mesmos tantos maravilhosos milagres que mesmo hoje nós nos lembramos deles com contrição”. A ortodoxia triunfou sobre os perseguidores aqueles que veneravam os Ícones.
Em 08 de dezembro de 1854, o então Papa Pio IX proclamou o dogma da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria. O ensinamento deste novo dogma satifez as massas populares dos católicos romanos que movidos pela simplicidade da fé pensaram que o proclamação desse dogma serviria para uma maior glória a Maria Santíssima. Os teologos ocidentais que tanto trabalharam pela expansão desse novo ensinamento da Igreja Romana também foram beneficiado, além desse “ser lucrativo para o trono romano”.
Para o Arcebispo João Maximovitch “enquanto a Igreja Ortodoxa confessa humildemente o que foi recebido de Cristo e dos Apóstolos, a Igreja Romana ousa adicionar mais ensinamentos, às vezes com zelo mas sem entendimento, e às vezes desviando em superstições e contradições da falsa ciência”. Ainda segundo o autor citado, “nenhum dos antigos Santos Padres diz que Deus milagrosamente purificou a Virgem Maria enquanto ainda no ventre; e muitos diretamente indicam que a Virgem Maria, assim como todo homem, suportou uma batalha com o pecado, mas foi vitoriosa sobre as tentações e foi salva por Seu Divino Filho”.
Já para os comentadores latinos, na concepção do referido Arcebispo, “a Virgem Maria foi salva por Cristo, e que recebeu de maneira adiantada, como seria, o dom que Cristo trouxe para todos os homens pelo sofrimento e morte na Cruz”. Ainda segundo estes comentadores latinos “Maria é uma associada com o nosso Redentor como corendendora. E que no ato da Redenção, ela, de certa forma ajudou a Cristo” e que por isso Maria é “um complemento da Santissima Trindade”e “assim como Seu Filho é o único intermediário escolhido por Deus entre Sua majestade ofendida e os homens pecadores, assim também, precisamente, a medianeira principal colocada por Ele entre Seu Filho e nós é a Bem-aventurada Virgem”. Sendo assim, Maria na concepção dos teólogs latino, é colocada lado a lado de Cristo na obra da Redenção, sendo exaltada da mesma forma que Deus é exaltado.
Para Santo Epifânio “apesar de Maria ser uma vaso escolhido, ela ainda é uma mulher por natureza, igual a todas as outras por natureza”. “Não se deve reverenciar os santos acima do que é e deve, mas deve-se reverenciar seu Mestre. Maria não é deusa, e não recebeu um corppo do céu, mas da união entre homem e mulher, e de acordo com a promessa, como Issac. Ela foi preparada para tomar parte da economia Divina. Mas, por outro lado, não deixe nenhum tolo ousar ofender a Santissima Virgem”, segundo o Bispo Inácio Brianchaninov.
São Bernardo de Claravau afirma, “eu digo que a Virgem Maria não poderia ser santificada antes de sua conceição, já que ela não existia. Se ainda mais, ela pudesse ser santificada no momento de sua concepção pela razão de que o pecado é inseparável da concepção, então só nos resta acreditar que ela foi santificada depois de ter sido concebida no ventre de sua mãe. Tal santificação, se aniquilou o pecado, tornou seu nascimento santo, mas não Sua concepção. A ninguém é dado o direito de ser concebido em santidade, apenas o Senhor Cristo foi concebido do Espirito Santo, e apenas Ele é santo desde Sua exata concepção”. Este pensamento de São Bernardo confirma o absurdo que o novo dogma romano apresenta: a Imaculada Conceição da Virgem Maria.
O texto do Bispo Maximovitch aponta cinco argumentos que apresentam que o ensimanento da completa ausência de pecado em Maria: 1. este ensinamento não corresponde a Sagrada Escritura; 2. este ensinamento contradiz a Santa Tradição Apostolica; 3. e ensinamento de que Maria era pura antes de seu nascimento é sem sentido porque segundo este argumento, toda a linhagem de Maria deveria ter sido purificada do pecado original; 4. o ensinamento de que Maria foi preservada do pecado original, faz de Deus um Deus injusto com os demais sers humanos; e 5. este ensinamento, que aparentemente tem por objetivo de exaltar a Mãe de Deus, na realidade nega totalmente todas as Suas Virtudes.
Maximovitch afirma que a “retidão e santidade de Virgem Maria foi manifesta no fato que ela, por ser ‘humana com paixões como nós’, amou tanto a Deus e deu a si mesma a Ele, por isso sua pureza foi exaltada mais que o restante da humanidade.” O ensinamento de Maria viveu no estado de sem pecado dado por graça, da parte de Deus, nega a Sua vitória sobre as tentações, de uma vitória que é digna de ser coroada com a coroa da glória. Sendo assim, isso releva que Maria foi um instrumento da Divina Providência.
O ensino da Igreja Ortodoxa sobre a Mãe de Deus esta pautado no que consta na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição e a ela é oferecido diariamente em seus templo (em sua liturgia) glorias por sua poderosa intercessão e ajuda incensante. Ainda segundo o Bispo Inácio Brianchaninov, “apesar da retidão e imaculabilidade de vida que a Mãe de Deus levou, pecado e morte eterna manifestaram suas presenças nela. Eles não podiam não ser manifestados. Tal é o precioso ensinamento da Igreja Ortodoxa a respeito da Mãe de Deus com relação ao pecado original e à morte”.
Santo Efrem, o sírio, nos lembra que “assim como o raio ilumina o que esta escondido, assim também Cristo purifica o que esta escondido na natureza das coisas. Ele purificou a Virgem também e depois nasceu, de modo a mostrar que onde Cristo está, a pureza é manifesta em todo o seu poder. Ele purificou a Virgem, após prepará-la com o Espirito Santo, e então o vnetre, ao tornar-se puro, concebeu o Cristo. Ele purificou a Virgem enquanto Ela esta inviolada; portanto, ao nascer, ela continuou Virgem. Eu não digo que Maria se tornou imortal, mas que iluminada pela graça, Ela não foi pertubada por desejos pecaminosoa”. Inácio de Brianchaninov afirma que “Aquela que era pura de acordo com o entendimento humano, Ele fez pura pela graça”.
Segundo o Irmos da Canon da Dormição, o fim da vida terrena de Maria, Mãe de Deus, foi o começo de sua grandeza, pois “ao ser adornada com a glória Divina”. O texto afirma que “Ela permaneceu em pé e irá permanecer em pé, tanto no dia do Último Julgamento e na era futura, à mão direita do trono de seu Filho”.
Na cultura popular brasileira, devido a catequização católica romana, Maria é mais é adorada do que venerada. Isso é de fácil percepção na Igrejas romanas, pois podemos constatar as pessoas se ajoelhando aos pés das imagens [é claro que as imagens nos lembram pessoas que eram pecadoras mas que buscaram a santidade e portanto merecem veneração] e muitas vezes se esquecem do Próprio Cristo. O segundo maior santuário mariano do mundo esta localizado em Aparecida do Norte, interior do estado de São Paulo, e tradicinal o povo brasileiro é de procedência católica romana.
Não podemos esquecer que grande parte dessa confussão na fé da maioria dos católicos romanos é devido a deficiência na educação cristã. A catequização era mais uma doutrinação e não evangelização. Exemplo disso são as pessoas pedindo benção a Maria ou afirmando que ela opera milagres, além de outros absurdos. É claro que em matéria de fé não se discute, pois a mesma é pessoal, mas em questões de como evangelizar, sim. A imposição cultural, desde os tempos colonias, é o grande responsável pela esorbitante ignorância dos fiéis.
Para a Igreja Sirian [missionária] Ortodoxa de Antioquia [no Brasil], o grande desavio é vencer os vícios culturais que envolvem as “trocas de papeis” na história do cristianismo, pois o público [fiéis] pertencente a ISOA é na sua grande maioria de procedencia católica romana que porta suas crenças e práticas religiosas. Porém, por um outro prisma, podemos constatar que a falta de formação sólida acerca do papel de Maria na história da criação/salvação a humanidade nos possibilita um terreno fétil que se for preparado de forma sapiencial [na graça e no poder do Esppirito Santo] poderemos atingir as verdadeiras bases do cristianismo primitivo e com isso eclarecermos de fato qual é o papel de Maria na nossas história cristã.
O fato é que quando se toca em “Maria”, grande parte dos brasileiros, de procedência catolica, estão dispostos a “brigar” por ela. Então cabe a ISOA aproveitar dese sentimento filial para com Maria e semear as bases sólidas da ortodoxia siriana, e com isso render verdadeiramente a glória que Lhe é devida. “Que Maria seja em honra, mas que a adoração seja dada ao Senhor” [Santo Epifânio].
Referencia Bibliografica:
http://www.igrejasirianortodoxa.com.br/biblioteca.htm em 14/10/2010 às 19hs.
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